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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Redirecionando o Blog!

Novo blog em novo formato e novo domínio: 
Deixarei de usar o para uma pagina nova, mais fácil de lembrar e de procurar!
Alem disso meus posts serão organizados de forma mais acessível a todos, tornando essa pagina uma espécie de ferramenta de busca quando se trata a abordagem dos problemas pediátricos do dia-a-dia!
Agradeco sua presença aqui e espero estar disponível para toda eventual duvida!
Dra. Milane Miranda – CRM 6066

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Meu bebê tosse: e agora?

“A tosse é a segunda queixa mais frequente nos consultórios de pediatria, perdendo apenas para a febre”.  
Dr.  Jayme Murahovschi. 


A tosse é um dos sintomas mais comuns entre os pequenos e um dos que mais levam pais a procurar os médicos e até mesmo os prontos-socorros durante a madrugada. Em recém-nascidos, ela costuma se manifestar em situações especiais. E quanto mais nova for a criança, maior a atenção e a rapidez necessárias para a avaliação do quadro.

Por que o bebê tosse?
A tosse é uma defesa mecânica do organismo na tentativa de eliminar algum agente que esteja atacando nosso organismo e provocando um tipo de processo inflamatório.
As causas da tosse em bebês são variadas, e podem ser desde problemas respiratórios, infecciosos, digestivos, ou, normalmente, só um sintoma do aparelho respiratório de uma patologia mais geral.
Surge como consequência de uma irritação e tem a função de expelir secreções ou corpos estranhos, ate mesmo como um engasgo com leite materno ou fiapos de tecido que possam vir a engolir sem querer.
Em resumo, é um reflexo natural que protege o aparelho respiratório. 
Quando a criança engasga, por exemplo, a tosse expulsa o objeto, impedindo que ele chegue aos pulmões. Já nos casos de gripe ou resfriado, tossir ajuda a eliminar o catarro.
Em geral, a tosse está associada a infecções leves do nariz e da garganta. 
Mas antes de ligar para o pediatra, é preciso levar em conta outros sintomas que podem acompanhá- la, como febre e coriza, e o tempo que a criança está tossindo. 

Infecções que causam tosse na infância: 

Resfriado
“É uma infecção provocada por vírus, com tosse que pode se acompanhar de coriza (nariz escorrendo) normalmente hialina (clarinha), espirros, lacrimejamento e olhinhos vermelhos, obstrução nasal (narizinho entupido). A febre nem sempre aparece nos bebês com resfriados, mas, se ocorrer, é baixa. O quadro é rápido, leve e não costuma afetar o estado geral da criança. Não há vacina contra resfriados”.

Gripe
“É diferente do resfriado tanto pelo seu agente causal (vírus influenza tipo A e B, para influenza, que podem sofrer mutações a cada surto) quanto pelos sintomas da gripe nos bebês, que são febre muito alta, aguda, prostração, cansaço, falta de apetite, podendo chegar a um quadro de pneumonia e até morte. Ela evolui em surtos e requer vacinação preventiva, que pode mudar a cada ano devido à característica de mutação e sazonalidade das epidemias.”

Coqueluche
A tosse da coqueluche é bem característica (conhecida como tosse quintosa), por vir em surtos e ataques e levar à falta de ar. A criança pode ficar roxa, e termina com uma inspiração forçada após a crise. A doença era pouco frequente, mas voltou há alguns anos, devido à perda de ação da vacinação após 10 anos de sua aplicação (última dose aos 5 anos).
Assim, os adolescentes e os adultos passaram a ser suscetíveis, e as maiores vítimas são as crianças até 1ano que não complementaram seu esquema vacina. Por isso, a orientação atual é a vacinação de todas as gestantes no 3º trimestre de cada gravidez, mesmo em mães que já tenham sido vacinadas em gestações anteriores. Essa prática protege os bebês até 2 meses dos riscos graves.”

Bronquiolite
“É outro quadro viral, que tem a característica de começar por um resfriado, com coriza por 3 a 4 dias, e então acontece a dificuldade respiratória com chiado de pulmão acompanhado de febre, tosse, falta de ar, que se agrava nos primeiros 4 dias, estabiliza por uma semana e leva mais uma semana para sumir. É um quadro arrastado, que pode se agravar quanto menor a criança e exigir internação para hidratação e oxigenação.”

Laringite
“Conhecida como ‘tosse de cachorro‘, seca, irritativa, provocada pela inflamação da laringe e das cordas vocais, podendo levar até a um quadro grave de sufocação. A sensação, normalmente, é muito mais grave do que o quadro, pelo tipo da tosse, com rouquidão.”
'E uma emergencia pediatrica, devendo-se levar a criança imediatamente ao pronto socorro infantil para ser avaliada de perto e medicada corretamente. Quando quadro muito agudo, sua evolução pode levar ao fechamento da passagem do ar na laringe e insuficiência respiratória aguda da criança.

Alergias
“Podem acontecer mais tardiamente, mas são raras em recém-nascidos e bebês pequenos. A chamada ‘marcha alérgica’ começa, hoje em dia, por alergia alimentar, evolui para dermatite, bronquite e depois rinite. A tosse pode aparecer nas duas últimas fases, normalmente desencadeada por agentes climáticos (tempo, frio, seco, chuvoso) ou alergênicos (pelos de animais, alimentos, poeira, pólen). A tosse, nesses casos, depende do órgão acometido.”

Pneumonias
“Podem ser principalmente virais ou bacterianas, apesar de haver outros agentes com quadro que pode variar de gravidade, podendo exigir até internação, de acordo com as complicações. A tosse pode ser um sintoma, mas não é o mais importante nesse caso. A febre é um grande sinal de alerta.”
Em todos esses casos, a prevenção começa no pré-natal adequado e com as vacinações necessárias. Após o nascimento, a maior ferramenta de proteção continua sendo o aleitamento materno, além das vacinas. 
Havendo qualquer sintoma, um médico deverá ser consultado.
 “Nunca automedique ou desmedique um bebê num quadro desses, por mais simples que possa parecer. 
O contato com o pediatra ou uma ida ao pronto-socorro pode salvar uma vida”!

Quando devemos nos preocupar?
• quando a crianca parecer ofegante, mesmo sem febre: as narinas se abrem mais a cada respiração ou nota-se a criança respirando rapidamente.
• os lábios e as unhas ficarem azuis.
• o muco nasal persistir por mais de dez dias.
• a tosse durar mais de uma semana.
• aparecer indícios de dor de ouvido.
• a febre permanecer acima de 37.7 graus por vários dias.
• a tosse aparecer de uma hora para outra ja estridente, parecendo o som de um cachorro latindo, metálica.
• quando a tosse vier de inicio subito, com sensação de sufocamento, por ser grande a possibilidade de engasgo com corpo estranho.

Dra. Milane Miranda
CRM MA 6066


quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Crescer dói?

A resposta é que em muitos casos sim. 
Essa é uma dor bem mais comum do que se imagina. 
É uma queixa comum, cada vez mais presentes nos consultórios de pediatria e algumas vezes chegando ate no Pronto Socorro Infantil, que sempre é fonte de preocupação para os pais. 

O alvo são crianças na idade de 3 a 6 anos, com queixa de dores nas pernas, especialmente a noite. 


O que é a dor de crescimento?
É uma sensação dolorosa recorrente, de variada intensidade e freqüência, podendo, as vezes, acordar a criança a noite, ocorrendo de uma a duas vezes por semana ou mesmo a cada dois meses.
Acometem preferencialmente os membros inferiores, principalmente em panturrilhas, atras dos joelhos e nas coxas e não são localizadas nas articulações. Nunca são contínuas ou persistentes, predominantemente se iniciam no final da tarde, mas também podem surgir ou adentrar a madrugada e, na imensa maioria das vezes, cedem na manhã seguinte. É extremamente importante salientar que não há um “ponto específico” constante de localização da dor e, enfatizando, não são articulares. Não são acompanhadas por febre ou qualquer outro sinal ou sintoma.

O que deve-se observar na criança?
A dor deve ser um sintoma isolado!
Se ocorrer, além da dor, inchaço, vermelhidão ou aumento de temperatura nos locais referidos, é importante relatar ao pediatra, para que avalie o quanto antes.

Quando se pensa em dor de crescimento a criança deve ter aspecto saudável e ao exame físico não se detecta nenhuma anormalidade. Mesmo com a história clínica e exame físico já descritos, o pediatra pode solicitar exames laboratoriais, como radiografia em duas posições do local das dores, se não forem difusas e definirá, para cada paciente, se outros exames serão necessários. O esperado é que todos os exames solicitados não apresentem nenhuma anormalidade. Caso haja qualquer alteração, seja ao exame físico ou nos exames, o diagnóstico de dores de crescimento deverá ser imediatamente reavaliado e serem consideradas outras hipóteses.

Quais são as causas?
De causas ainda não bem definidas, algumas teorias são mais aventadas, como isquemias ósseas transitórias, micro traumas e fadiga muscular. 
Outras teorias afirmam que são devido ao crescimento ósseo acelerado, vindo a sobrecarregar os músculos e tendões. Porem para isso não ha comprovação cientifica. 
A teoria da fadiga muscular, alega ao excesso de atividade física e brincadeiras ao longo do dia, que pode ser agravado pelo estresse, comum em períodos de provas escolares ou de conflitos emocionais e familiares. Há, ainda, a desconfiança de que o sintoma seja hereditário, já que a maioria dos pais de crianças como problema também o encarou na infância.

O que é consenso é que o quadro é autolimitado e sem repercussão para o desenvolvimento da criança.

Como aliviar essa dor?
Uma pesquisa conduzida pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo revelou que o acolhimento é eficaz em 80% dos casos. Ou seja, basta conversar com seu filho, tranquilizando-o, enquanto faz massagens com óleo ou creme hidratante ou de massagem e, a seguir, aplicar uma bolsa térmica ou compressa de água morna na região dolorida. Quando essas medidas não funcionam, pode-se recorrer a exercícios de alongamento, preferencialmente orientados por um fisioterapeuta, além de natação, que é uma atividade de baixo impacto. O objetivo é reduzir o número de episódios dolorosos e evitar o uso de medicamentos. No entanto, em situações raras, o pediatra pode prescrever analgésicos caso ele julgue necessário.

Como diferenciar a dor do crescimento de um problema mais sério?
A dor do crescimento não desencadeia febre, inchaço, vermelhidão, perda do apetite, apatia, cansaço, nem leva a criança a mancar. Na presença desses sintomas, é preciso procurar o pediatra ou um ortopedista para investigar possíveis doenças ortopédicas, inflamatórias ou até mesmo a presença de um tumor.

Na dúvida: procure o médico especialista.



Dra. Milane Miranda 🎈
CRM-MA 6066


Atenção: ⛔️

Conteúdo exclusivamente de caráter informativo e educacional. 
Post não substitui consulta! Procure o seu pediatra! 

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Mais sobre BLW: 12 coisas que você precisa saber!

SEIS COISAS QUE VOCÊ DEVERIA FAZER NO BLW
1. Para começar o BLW, a partir dos seis meses, o seu bebê deve estar bem sentado, com ou sem apoio, dependendo das habilidades motoras dele no momento. Nos primeiros dias, você pode sentar com ele no seu colo, de frente para a mesa. Uma vez que comece a colocá-lo sentado no cadeirão, vc pode utilizar almofadas pequenas ou uma toalha enrolada para mantê-lo ereto e na altura adequada em relação à bandeja ou à mesa.
2. Comece oferecendo pedaços de comida macios e fáceis de pegar. Os melhores são os palitos de fruta ou legumes macios e grossos, mais ou menos do tamanho do seu dedo indicador. Lembre-se que os bebês pequenos não conseguem abrir a mão voluntariamente para acessar o que tem dentro do punho fechado, então não espere que ele coma os pedaços inteiros, tenha outros pedaços preparados para quando ele terminar de comer a parte que sobressai na mãozinha fechada.
3. Ofereça variedade. Não é necessário limitar a experiência do bebê com a comida. É importante não sobrecarregá-lo em cada ocasião, mas apresentar-lhe sabores e texturas diferentes ao longo da semana lhe proporcionará uma variedade de nutrientes, além de ajudar a desenvolver as habilidades necessárias para comer. Na medida do possível e sempre que seja adequado, ofereça o mesmo que o restante da família come, para que ele possa participar de toda a experiência social.
4. Siga oferecendo o peito ou o leite artificial como anteriormente, além de oferecer água durante o dia. O padrão das mamadas não irá variar até ele começar a comer mais sólidos, o que irá acontecer de forma muito gradual.
5. Fale com o pediatra ou profissional da saúde que acompanha o desenvolvimento do seu bebê sobre a introdução de sólidos, discutam sobre história familiar de intolerância aos alimentos, alergias, problemas digestivos ou qualquer outra dúvida sobre a saúde ou desenvolvimento global do bebê.
6. Explique sobre o BLW a todos que vão cuidar do seu bebê.

SEIS COISAS QUE VOCÊ NÃO DEVERIA FAZER NO BLW
1. Não ofereça comida que não seja boa para o bebê, como comida pronta industrializada, alimentos ultra-processados ou com adição de sal/açúcar. Mantenha fora de seu alcance tudo o que possa levar ao engasgo.
2. Não ofereça sólidos quando ele está com fome e precisa mamar. O bebê com sono fica extremamente irritadiço e não se interessa pela comida.
3. Não pressione ou distraia o bebê enquanto ele manipula a comida. Permita-o concentrar-se e estabelecer sozinho o ritmo do que está fazendo.
4. Não coloque comida em sua boca (e esteja atento à crianças que podem querer tentar “dar uma mão” e fazer o mesmo). Deixar que o bebê tenha a iniciativa é uma característica fundamental de segurança no método BLW.
5. Não tente persuadi-lo para que ele coma mais do que quiser. As estratégias, jogos, subornos e ameaças não são necessárias.
6. NUNCA deixe seu bebê sozinho enquanto come.
Referência:
Rapley, G. Guia para implementação de uma abordagem de introdução de alimentos sólidos guiada pelo bebê. 2008. Disponível em: www.rapleyweaning.com.
Fonte: www.tanahoradopapa.com

terça-feira, 25 de agosto de 2015

INTRODUÇÃO DA ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR: Papinhas x BLW!

O bebe vai chegando aos  6 meses de vida e  suas necessidades nutricionais já não são mais atendidas só com o leite materno, embora este ainda continue sendo uma fonte importante de calorias e nutrientes. A partir dessa idade, a criança já apresenta maturidade fisiológica e neurológica para receber outros alimentos.
Mas atenção: mesmo recebendo outros alimentos, a criança deve continuar a mamar no peito até os 2 anos ou mais. O leite materno continua alimentando a criança e protegendo-a contra doenças.
Muito se fala sobre o método ideal para introdução da alimentação complementar e atualmente vem cada vez mais em evidencia um novo método que vem vindo para revolucionar o até entao modelo alimentar vigente: O BLW.

Mas o que seria o  BLW?

A sigla BLW refere-se a “Baby Led Weaning”, termo proposto por Gill Rapley em 2008, na publicação de seu primeiro livro “Baby Led Weaning: helping your baby to love good food”. 

O termo “weaning”, embora frequentemente traduzido minimamente por “desmame”, inclui na verdade a introdução gradual e natural da alimentação complementar, sendo o desmame realizado gradualmente sob tempo indeterminado, já que a escolha de passar a comer mais e mamar menos é feita exclusivamente pelo bebê. 

Apesar de parecer complicado, o método nada mais é do que uma descrição de técnicas que algumas mães já praticam há anos, utilizando apenas o velho bom-senso. Assim, descreve uma maneira simples de iniciar a alimentação complementar dos bebês, permitindo que eles se alimentem sozinhos – não há oferta de alimento com a colher e nem oferta de papinhas. O bebê é posicionado sentado junto com a família e participa da alimentação quando estiver pronto, alimentando-se independentemente com as próprias mãos e posteriormente, após a aquisição de habilidades necessárias, com os talheres. 

As principais vantagens do BLW:

– permite que os bebês explorem sabor, textura, cor e cheiro dos alimentos;
– encoraja independência e confiança;
– ajuda a desenvolver a coordenação visual-motora e as habilidades de mastigação;
– reduz a probabilidade das crianças virem a ter algum tipo de frescura com a comida, tornando menos frequentes as “batalhas” travadas na hora da refeição.

De acordo com a autora, todos os bebês SAUDÁVEIS podem começar a alimentar-se sozinhos a partir dos seis meses, eles só precisariam da oportunidade. Este tempo coincide com o que preconiza a Organização Mundial da Saúde em relação à amamentação exclusiva até os seis meses do bebê, e complementar até os dois anos de vida da criança (ou mais).  

Segundo Rapley, o método considera o modo de desenvolvimento dos bebês no primeiro ano de vida, sendo que aos seis meses a MAIORIA dos bebês é capaz de sentar-se ereto, pegar objetos com as mãos e levá-los à boca e mastigar coisas, ainda que não tenham dentes. O que faz bastante sentido também, já que antes da resolução de 2003, a OMS antigamente preconizava a introdução de alimentos a partir dos 4 meses de idade. Assim, fazia-se necessário iniciar com papinhas homogêneas, pois o bebê, aos quatro meses, não tem maturidade – nem do ponto de vista motor, nem do ponto de vista fisiológico – para receber alimentos na forma sólida. Intuitivamente, segundo a experiência da própria autora, aos seis meses, as mães costumavam iniciar a introdução de sólidos.

Mas quanto as papinha, ainda podem ser usadas?

Sim, claro!

Entendemos que não deve existir um método exclusivo, mas sim uma combinação de métodos, mas sempre devendo-se ter cuidado com a consistência da alimentação.
O ideal é que as papas nunca tenham consistência liquida, de sopas, nem passadas em crivos ou processadas em liqüidificador.
Recomenda-se a consistência semi-solida para pastosa, onde haverá o estimulo adequado da mastigação e autonomia do bebe. 

Tenho cada vez mais introduzido esse método em meus pequenos pacientes e as respostas tem sido cada vez mais surpreendentes. 

O resultado são bebes saudáveis, com um paladar cada vez mais apurado, com aceitação de variedade alimentar cada vez mais extensa e cada vez mais independentes tanto dentro quanto fora da mesa! 

Fontes: 
Sites:
www.tanahoradopapa.com

The Baby Led Weaning Blog – http://www.babyledweaning.com

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Sobre o uso e abuso de antibióticos!

Para se ter sucesso no tratamento da criança alérgica ou com sintomas que parecem alergia é importante que os pais entendam o que acontece nas vias aéreas dessas crianças. O que a alergia provoca no sistema respiratório é uma irritação. É importante salientar que se trata de uma irritação e não de uma infecção. No jargão médico, essa irritação é chamada de processo inflamatório. E inflamação é diferente de infecção! Com frequência, crianças alérgicas tomam antibiótico desnecessariamente, quando esta irritação é confundida com infecção.
Febre não indica necessariamente que é preciso dar antibiótico.
Nos primeiros anos de vida, as crianças apresentam infecções virais com certa frequência. Nove em cada dez casos de febre em crianças abaixo de cinco anos estão relacionados com infecção viral - e vírus não se trata com antibiótico. O argumento de que a febre está muito alta, acima de 39ºC, também não justifica a prescrição de antibióticos. Podemos encontrar crianças com 39, 40 ºC de febre causada por um simples resfriado e não é raro termos crianças com 37,5 ºC que estão com meningite. Portanto, a intensidade da febre não indica necessariamente a gravidade do problema. Febre indica apenas que o organismo está reagindo a alguma coisa, o que pode ser um bom sinal.


Investigar antes de dar o antibiótico

Muito mais preocupante é aquela criança que está prostrada, abatida, sem se alimentar e fria, com hipotermia. Na maioria das vezes só devemos nos preocupar com a febre se ela persistir por mais de cinco a sete dias. Em uma infecção viral, a febre não deve ir além de uma semana. No entanto, lembramos que preocupar não necessariamente indica prescrever antibiótico. Preocupar indica investigar para avaliar se a criança realmente precisa desse tipo de medicamento. Crianças raramente têm febre que persiste por mais de sete dias. Quantas vezes seu filho teve febre por mais de uma semana? Muitas vezes se prescreve antibiótico, a febre melhora, e todos vão dormir tranquilos com a impressão de que o remédio está fazendo efeito. Na realidade, na maioria das vezes, estava na hora da febre ceder, independente do uso de antibiótico.
Outro argumento muito usado para essas prescrições é a presença de catarro. Quem nunca ouviu que catarro amarelo-esverdeado é sinal de infecção e que é preciso tomar antibiótico? Mais uma vez esse conceito é errado e antigo. Hoje sabemos que um simples resfriado pode apresentar catarro amarelo-esverdeado e não necessariamente indica a necessidade de prescrição de antibiótico. Nos Estados Unidos, a Academia Americana de Pediatria recomenda aos pediatras que só se preocupem com o catarro se ele persistir por mais de 10 a 15 dias, sem tendência de melhora. Portanto, não se justifica a prescrição de antibiótico na presença de secreção amarelo-esverdeada nos primeiros 10 dias. O antibiótico e a lavagem nasal com soro fisiológico levam ao mesmo resultado.


Atenção na interpretação de raios-X

A interpretação equivocada de raios-X também resulta na prescrição de antibiótico. Muitas vezes vemos crianças com diagnósticos de pneumonias ou sinusites baseados na interpretação errada de radiografias. Quem nunca ouviu o termo “princípio de pneumonia”? Pois princípio de pneumonia NÃO EXISTE. Quando se faz raios-X de tórax em crianças com tosse, peito cheio e chieira, essas radiografias podem vir alteradas e não necessariamente indicam a presença de pneumonia, muito menos a necessidade de prescrição de antibiótico.
O mesmo acontece com os raios-X dos seios da face. Quando se faz radiografia de seios da face durante uma gripe, quando a criança está com coriza, obstrução nasal e mucosa irritada, com o rosto inchado, em 90% das vezes os raios-X vão estar alterados. Isto não indica o diagnóstico de sinusite e muito menos a necessidade de prescrição de antibiótico. Portanto, alterações nas radiografias de seios da face ou de tórax não necessariamente indicam a presença de infecção bacteriana e necessidade de antibiótico.
A criança, na maioria das vezes, apresenta as vias aéreas irritadas e não infeccionadas. Uma das principais causas desta irritação é a alergia. No entanto, no meio ambiente, existe uma série de fatores que irritam as vias aéreas de qualquer pessoa, alérgicas ou não.
Em crianças com menos de cinco anos de idade, o que mais acontece é a irritação das vias aéreas causada por infecções virais. Quem nunca teve um resfriado e se viu com a garganta irritada, o nariz entupido, encatarrado, tossindo e com peito cheio? Muitas vezes, a infecção viral melhora, mas a irritação fica e a criança persiste com sintomas nasais, tosse e chieira por um tempo prolongado.



Cautela no uso de antibióticos
Nos primeiros cinco anos de vida, a criança tem, em média, 10 viroses por ano. Não se trata de fraqueza do organismo, nem de baixa resistência e muito menos falta de cuidado. Os primeiros anos de vida são um período em que crianças apresentam infecções virais que desencadeiam tosse, chieira e sintomas nasais recorrentes mantendo uma irritação das vias aéreas, estas infecções promovem a produção de anticorpos. Após o 5º ano de vida, a criança está com o sistema imunológico mais amadurecido e resistente, fazendo com que as infecções virais diminuam progressivamente.
Outros fatores presentes no ambiente, como poluição, mudança de tempo, cheiro forte, fumaça de cigarro e inseticida também podem piorar ou manter a irritação das vias aéreas. Salientamos que não existe alergia a cheiro, nem a mudança de tempo, ou poluição, mas esses são fatores que quando atuam numa via aérea já irritada desencadeiam ou mantêm os sintomas.
Em crianças, o fator irritante mais comum é a infecção viral. Por isto, para se ter sucesso no tratamento da criança alérgica é importante diminuir a irritação. O antibiótico não diminui esta irritação! Portanto devemos ser cautelosos e criteriosos na utilização de antibiótico em crianças. Estes medicamentos possuem inúmeros efeitos colaterais e com frequência deixam as bactérias mais resistentes e difíceis de serem vencidas.

Departamento de Alergia e Imunologia da SBP

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Consulta pediátrica pré-natal

A assistência à saúde da criança deve iniciar antes de seu nascimento.



A consulta pediátrica no pré-natal estabelece a formação de um vínculo com o pediatra antes do nascimento da criança. Vários estudos têm mostrado que as consultas de acompanhamento nos períodos pré e perinatal conseguem reduzir a mortalidade materna e do recém-nascido.
São vários os objetos desta consulta, para o pediatra e para a família, que podem ser referidos:
• Estabelecer e fortalecer um vínculo entre o pediatra e os pais antes do nascimento da criança. Preparar os pais para o cuidado do desenvolvimento físico e psicológico do bebê que está chegando. Obter informações básicas de grande importância no pré-natal. Discutir os anseios, preocupações e necessidades em relação à criança. Verificar dados sobre a saúde dos pais, hábitos de vida e situações de risco.

• Esclarecer sobre os tipos de parto e sobre alojamento conjunto. Orientar para os cuidados com os seios e as vantagens do aleitamento materno. Explicar sobre a higiene do bebê e falar das medidas de segurança em casa e no transporte da criança.

• Discutir sobre os fatores emocionais que possam interferir na estabilidade emocional dos pais, como: emprego, moradia, efeito da chegada da criança na família e o relacionamento com os irmãos.

• Acompanhar a gestação e o parto fazendo o papel do “cuidador” e orientando para os cuidados com a mãe e o recém-nascido, ajudando a diminuir o estresse familiar da expectativa da chegada do bebê.

• Iniciar a discussão sobre o aleitamento materno, as vantagens, as técnicas e as dúvidas, estimulando a família a falar o que pensa sobre a amamentação; quais são os seus anseios, medos e dificuldades.

• Identificar se a gravidez é de risco e agir da melhor forma de acordo com cada situação.

• Apoiar e ajudar os futuros pais no processo de cuidar do bebê e incentivar a iniciação deste trabalho de uma forma prazerosa.
• Orientar e disponibilizar seu tempo para esclarecer as dúvidas antes e depois do nascimento, abrindo um canal de comunicação e estabelecendo um vínculo afetivo, com profissionalismo, entre os pais e o pediatra do bebê.

Departamento de Pediatria Ambulatorial da SBP